quinta-feira, 11 de fevereiro de 2021

Secretaria da Cultura recebe a Segunda denominação em quatro anos

Cultura e História - Catulo Fernandes

A criação da Secretaria Municipal da Cultura foi uma iniciativa do prefeito José Cândido de Godoy Netto, que no final dos anos 80, em seu segundo mandato, deu status de secretaria a antiga Casa da Cultura, que funcionava no atual prédio da Câmara Municipal de Vereadores. E logo a seguir, no governo Hermes Rocha, a pasta atingiu seu ápice, com a restauração do Forte Zeca Netto, onde esteve sediada até este ano. Sim, porque segundo consta a nova secretaria, criada na semana passada, será instalada junto ao prédio da Receita Federal, que agora pertence ao Município.
Antes, durante muitos anos a Cultura esteve integrada a pasta da Educação. No início dos anos 2000, na primeira gestão do governo João Carlos Machado, a pasta voltou a ser uma subsecretaria agregada a área educacional. No entanto, no início de seu segundo mandato, o prefeito atendeu aos anseios da comunidade cultural, e a pasta voltou a ter autonomia própria. E logo a seguir no governo de Ernesto Molon o setor turístico passou a ser atendido pela nova pasta agora com a denominação de Secretaria Municipal da Cultura e Turismo, visto que a cultura e o turismo local estão intimamente ligados à rica história de Camaquã Terra Farroupilha. Cabe ressaltar que estas mudanças tiveram sempre ampla participação das entidades, e não foram tratadas somente do ponto de vista político-administrativo.
Já em 2017 o atual prefeito Ivo de Lima Ferreira, em seu primeiro mandato, resolveu agregar o setor esportivo a pasta criando a Secretaria da Cultura, Turismo, Lazer, Desporto e Juventude, alegando questões de economia. Contudo, na ótica de muitos integrantes do setor cultural, esta economia não ocorreu pois foi preciso nomear dois diretores, um de Turismo e outro de Esportes. Independente disto fica evidente o retrocesso cultural que o município vem passando, e para exemplificar basta ressaltar que em três anos tivemos a realização da Feira do Livro em três locais diferentes, já que em 2020 o evento não ocorreu em virtude da pandemia.
Além disso a nova secretaria contou com cinco secretários, no período de quatro anos, o que inviabilizou que fosse colocado em prática algum projeto de longo prazo pois dentro deste contexto fica humanamente impossível qualquer tipo de avanço independente da qualificação do nomeado.
Agora reeleito, o chefe do Executivo, realiza uma segunda mudança, integrando o setor cultural e turístico com indústria, comércio e serviços. A nova pasta, que foi aprovada recentemente pela Câmara de Vereadores, tem um nome pomposo: Secretaria Municipal de Desenvolvimento, Inovação, Cultura e Turismo. Enquanto isso o esporte ficou contemplado na nova Secretaria Municipal de Educação e Desporto.
Se vai dar certo só o tempo dirá. O que se tem certeza é que o novo secretário, o jovem e atuante advogado Clayton Dworzecki Soares, terá muito trabalho pela frente pois não será tarefa nada fácil encaixar demandas e interesses do setor empresarial com questões de turismo e cultura. O fato é que em pouco mais de quatro anos são duas denominações envolvendo a pasta da cultura, e o sexto secretário a ocupar o cargo.
O novo secretário não pode cometer os mesmos erros de seus antecessores. Desejamos sucesso em suas decisões e ações. Mas para que a nova pasta tenha êxito é preciso planejamento, criação de um calendário turístico-cultural, diálogo franco com as entidades e integração com os demais municípios da Costa Doce, do contrário Camaquã Terra Farroupilha continuará sendo somente um título estadual com um selo honorífico em um papel timbrado.

Foto: Jolcinei Araújo


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